domingo, 11 de abril de 2010
O jogo
O jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições mais rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica. Convidam-se uns aos outros para brincar mediante um certo ritual de atitudes e gestos. Respeitam a regra que os proíbe morderem, ou pelo menos com violência, a orelha do próximo. Fingem ficar zangados e, o que é mais importante, eles, em tudo isto, experimentam evidentemente imenso prazer e divertimento. Mas reconhecer o jogo é, forçosamente, reconhecer o espírito, pois o jogo, seja qual for sua essência, não é material. Ultrapassa, mesmo no mundo animal, os limites da realidade física. As grandes atividades arquetípicas da sociedade humana são, desde início, inteiramente marcadas pelo jogo. Como, por exemplo, no caso da linguagem, esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder comunicar, ensinar e comandar. Todo este domínio (das competições e concursos), de tão grande importância para a vida dos gregos,é designado pela palavra agón. Pode-se bem dizer que no terreno do agón está ausente uma parte essencial do conceito de jogo.(...) É certo que regra geral o elemento de “não-seriedade”, o fatorlúdico propriamente dito, não é claramente expresso pela palavra agón. (HUIZINGA, 2000)
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